domingo, 28 de outubro de 2007

A política das CPIs



Por Léo Marques

E a história é a mesma. É engraçado como as coisas se repetem no Brasil e todos cometem o mesmo erro, levados pela ineficiência do nosso sistema judiciário, a corrupção de nossos políticos e desatenção da mídia.

Em uma das últimas páginas do livro de Suely Caldas, Jornalismo Econômico, ela conta algumas das lições que aprendeu com as coberturas que fez. "A primeira delas, vejo reprisada em outros casos, nos últimos 18 anos, desde que o congresso retomou seu legítimo poder político. (...) Os parlamentares e suas CPIs só se interessam em apurar práticas de corrupção enquanto os holofotes permanecem acesos para eles. Na CPI do caso BR (1988), por exemplo, os trabalhos foram gradativamente diminuindo, depois foram suspensos e, por fim, esquecidos".

"Comecei a perceber também que funcionários, políticos e polícia, cada um com seu papel, costumam seguir um script teatral ao enfrentarem casos de corrupção praticados por homens públicos influentes e poderosos. Os políticos de oposição criam CPIs, fazem barulho, juram que os culpados serão punidos e nada acontece. A polícia finge investigar".

Quando um assunto deixa de ser apurado pelos jornalistas e entram na investigação policial, os jornais começam a ficar dependentes do que a polícia descobre. Estando ela envolvida no encobertamento dos casos de corrupção, a mídia acaba produzindo cada vez menos notícias e assim os assuntos vão morrendo.

Alguém lembra quantas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) existiram só nesses últimos 4 anos? Vou citar algumas só para requentar a memória. Tivemos a CPI do Mensalão, dos Sanguessugas, dos Correios, dos Grampos, dos Bingos, das ONGs, do Tráfico de Armas, da Biopirataria e por último o do Apagão Aéreo. Agora me responda: alguém foi punido? Quais foram essas punições? Qual foi o resultado de toda a investigação? A resposta é apenas uma: ninguém sabe.

Enquanto os politicos armam o circo em torno de assuntos que deveriam ser resolvidos apenas pela Polícia Federal, diversas leis e projetos importantes ao país deixam de ser votados no Congresso e no Senado, já que os políticos estão interessados apenas em aparecer na mídia e "tentar" resolver questões que não lhes competem.

Por outro lado, nós, os bobos da corte, voltamos a dar créditos a esses políticos que saem culpados e impunes, num ato que eu chamo de ignorância coletiva. A prova disso foram os eleitos nas últimas eleições e que estavam envolvidos com o Mensalão e Sanguessugas.

Os últimos escândalos da política acabaram morrendo na mídia e na lembrança do povo, que, com as eleições, prova que tem o governo que merece.

sábado, 20 de outubro de 2007

A Floresta do Mundo


Por Léo Marques

Há exatamente um ano o ministro do meio ambiente da Inglaterra, David Miliband, lançava uma proposta no parlamento para privatizar a floresta amazônica. O então primeiro ministro na época, Tony Blair, apoiou a iniciativa. Aquele foi um primeiro movimento mundial para a tomada da Amazonia. Eles negaram qualquer coisa desse tipo, eu não acredito.

Ao longo do século XX dispertamos a atenção do mundo pela grandiosidade de nossas riquezas naturais. Temos a maior floresta do mundo (Amazônica), a maior planice alagada do mundo (Pantanal), o maior rio do mundo (Rio Amazonas), a maior reserva subterranea de água doce do mundo (Aqüífero Guarani) e a maior diversidade de animais e vegetais do planeta. Apesar disso, conduzimos nossas reservas de forma a dar fim a tudo que temos de riqueza natural.

Trago esse assunto novamente porque a retomada do crescente aumento do desmatamento e o consequente descuido com a nossa floresta pode ser mais um aliado aos interesses dos países ricos do norte. Não seria absurdo temer pelo futuro do nosso país. Uma terceira ou quarta guerra mundial não vai demorar muito para acontecer. Os países desenvolvidos possuem cada vez menos recursos naturais e os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento cuidam muito mal deles. Haverá uma busca enlouquecida por esses recursos, fundamentais para o equilíbrio da terra e a sobrevivência humana.

Claro que nosso descuido não justifica uma intervenção mundial, mas se continuarmos do jeito que está, seremos atacados de forma legitima com a desculpa de estarmos destruindo o pouco que resta da natureza. Falta de água, por exemplo, é uma realidade já vivida por muitas famílias no mundo.

Outra coisa que me angustia é a possível ganância por trás dessa proteção. Muitos podem não saber, mas existe, em uma das reservas indíginas da floresta amazônica, a maior reserva de diamantes do mundo. Será que um dia irei cobrir, aqui mesmo no Brasil, mais uma guerra mundial?

O Interior é aqui



Por Léo Marques

O que vou falar não é novidade para muita gente, mas vai embasar o que vem depois. Salvador é a terceira maior capital do país, a maior do Nordeste. Cidade turística, ela é o segundo maior destino para o turismo de lazer. Suas belas praias, arquitetura antiga e cultura forte atraem gente do mundo todo. Apesar de tudo isso, desse potencial, em termos de lazer, Salvador peca pela falta de suporte àqueles que querem desfrutar da noite soteropolitana.

Sair depois de meia noite para jantar, ir a um barzinho ou café pode ser um transtorno e terminar num fim de noite sentado em casa, comendo pipoca e assistindo filme. Sei que é um pouco forçado comparar essa mera cidade provinciana à cidade de São Paulo. Mas quando se fala em noite, a comparação se torna inevitável. Aquela sim é uma cidade que merece o título que tem. São Paulo, com suas ruas super movimentadas a luz do dia, a noite se torna tranqüila, mas não menos agitada. Ela realmente não para. Seus restaurantes, bares e cafés permanecem abertos sempre. Você pode sair andando pelas ruas frias da madrugada paulista que sempre vai encontrar alguém vindo ou indo.

Mas voltando a nossa realidade regional, tudo se torna muito decepcionante. Salvador não está preparada para receber aqueles turistas que vêm dispostos a curti-la em sua integridade e sem restrições de horário. Esquece que boate não é o único meio de diversão e de aproveitar a noite com os amigos, ou companheiro/a. Os visitantes, e soteropolitanos, querem mais. Querem pegar o carro, ou sair andando pelos bairros, normalmente lotados de dia, e vê-los funcionando a todo vapor.

Os empresários e, a própria população da capital baiana, não estão acostumadas ao ambiente noturno, se comportam como cidades pequenas, em que o comércio e as principais atrações fecham no máximo as dez da noite. Aqui em Salvador o horário se estende um pouco mais, porém, pouco para quem pretende voltar para casa as quatro da manhã. Talvez a falta de coragem dos empresários nesse tipo de investimento seja sustentada pela fato de Salvador ter a segunda menor renda per capita dentre as capitais do país.

Quem se aventura provavelmente vai rodar muito e não encontrar nada, pelo menos aquilo que esteja procurando. Depois disso, vão-se todos bater com a porta na cara, e terminar no Habib's, comendo esfihas e encontrando as mesmas pessoas que, por falta de opção, depositam ali suas últimas esperanças de curtir a noite de Salvador.

E nossa elite continua branca


Por Léo Marques

É engraçado como falamos em direitos, em que proclamamos o direito. "Todo mundo tem direitos iguais perante a lei". Creio que seja exatamente justiça o que está faltando para os nossos direitos. Quando olho nas ruas e vejo crianças sentadas nas marquises, fazendo malabares ou vendendo balas, fico pensando o quanto elas já perderam, o quanto elas já deixaram de aprender na escola para aprender nas ruas. Pior ainda para aqueles que optam por ganhar dinheiro não para sustentar seus ossos em pé, comprando alimentos para si e para a família, mas para sustentar o vício e a violência em índices astronômicos.

É interessante como a nossa elite ainda continua branca, cercada em seus castelos com muros cada vez mais altos. Esta mesma elite, ao qual de certa maneira me enquadro, está se isolando e perdendo a paixão pelo contato que tanto marca o povo brasileiro, sofrendo o efeito de uma reação que ela mesma causou.

Para constatar como nossa elite continua branca, basta ir aos desfiles de moda, as boates mais requintadas da cidade, aos bons restaurantes e aos colégios particulares de excelência. Moro numa cidade essencialmente negra, composta por um caldeirão cultural que faz de Salvador um dos locais mais visitados deste país. Mas parece que essa mesma cidade, rica em cultura, fecha os olhos para o que está a sua volta. Continuamos com medo, caminhando com olhares assustados, aflitos e angustiados com o que pode nos acontecer a cada vez que viramos uma esquina.

"Isso é um assalto, me passa tudo mauricinho". Assim nossas elites percebem que apesar dos muros e carros, estamos expostos a sofrer algum tipo de violência a qualquer momento. "Não tenho nada aqui", é o que diz o menino assustado, criado num mundo cercado de proteções. "Me passa tudo, se não eu te furo", e com um golpe no estômago nossa elite vai se acuando e chorando. Não percebe o quanto caminhamos para longe de um convívio pacífico, sem violências. Mesmo sofrendo todos esses pesares, tapamos nossos ouvidos, fechamos nossos olhos e nos trancamos em casa para chorar e esperar mais um assalto.

A segurança só virá com uma maior distribuição de renda, com um apóio aos meninos que representarão o futuro do nosso país. Educação, Educação, Educação. É nessa tecla que temos que bater. Mas não basta enfiar as crianças nas escolas, temos que oferecer um ensino de qualidade e parar de querer concentrar as atenções na ponta do sistema. As universidades servem quase que exclusivamente as nossas elites. Temos que fortalecer as bases do processo, para evitar meninos ignorantes sem perspectiva de vida.

Refazendo...

Bom, como eu não estava mais conseguindo ter acesso ao meu outro blog, tive que fazer um novo. Prometo não esquecer mais a senha.

Neste espaço quero postar artigos, reportagens e fazer comentários de algo que ache relevante.

Espero que aproveitem bem o espaço. Aceito críticas e sugestões.

Sejam bem vindos!