domingo, 24 de fevereiro de 2008

Paixão onipresente















Por Léo Marques

O brasileiro, pelo menos é o que dizem as más línguas, é apaixonado por três coisas: futebol, mulher e cerveja. As propagandas da bebida não cansam de explorar o tripé. Quando bate aquele calor, é a ela que muitas vezes recorremos. Nos casamentos, aniversários, batizados, Natal, Ano Novo, show ou nos finais de semana num barzinho. Ela está em todas as comemorações ou numa simples roda de amigos. Mas de que é feita mesmo a cerveja?

A composição básica possui três elementos: o malte, o lúpulo e a levedura. Esse composto é conhecido por Lei da Pureza Alemã que existe na Alemanha desde 1516, criada pelo Duque Guilherme 4º, na Bavária. Ela proíbe a utilização de qualquer ingrediente que não esteja entre os três citados acima e a água.

Mas no Brasil, além dessas matérias-primas, as grandes cervejarias utilizam milho e arroz na composição da bebida. Isso é um dos artifícios usados para baratear o custo. Esses fabricantes ainda usam conservantes ou estabilizadores de espuma. Dessa forma, o preço de cada cerveja sai das fábricas por R$ 0,60 a garrafa. Até chegar a nós, consumidores, há alguns acréscimos tarifários ao longo do caminho.

Segundo o Sindicato Nacional das Indústrias de Cerveja, o País possui a quinta maior produção do mundo, com 8,5 bilhões de litros/ano, perdendo apenas para a China (27 bilhões de litros/ano), Estados Unidos (23,6 bilhões de litros/ano), Alemanha (10,5 bilhões de litros/ano) e Rússia (9 bilhões de litros/ano).

Apesar dessa produção e consumo elevados, chegando a 47,6 litros/ano por habitante, o brasileiro conhece pouco sobre a cerveja.

Infelizmente a fabricação do Brasil não está entre as melhores do mundo. Três nações dividem esse posto: a Alemanha, a Bélgica e a Inglaterra. “Todas elas são bem diferentes umas das outras, e todas são maravilhosas”, diz o cervejólogo Edu Passarelli. Por ser a cerveja alemã a mais conhecida do País e eles serem grandes consumidores de lagers (família do estilo pilsen), o brasileiro tende a achá-la melhor. “Mas conhecendo um pouco mais das outras duas, veremos que todas possuem grandes produtos”, complementa.

Edu, que é formado em gastronomia pela UniFMU (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas), em São Paulo, e especialista em Gestão de Negócios de Serviços de Alimentação pelo SENAC desvenda ainda um outro questionamento recorrente entre os apreciadores da “gelada”: a diferença entre o chopp e a cerveja. “O chopp nada mais é do que uma cerveja que não foi pasteurizada, ou seja, engarrafada. Está é uma denominação que praticamente só é utilizada no Brasil. Podemos ter “chopp” de diversos estilos de cerveja, mas o mais comum vem do estilo pilsen”.

As diferenças na bebida não param por aí. Apesar do tipo mais conhecido ser a dourada, a cerveja escura também é bastante consumida no Brasil. Inicialmente, a variação de cor ocorria devido à torrefação dos maltes utilizados na fórmula. Hoje, as grandes cervejarias costumam utilizar caramelo de milho para escurecer. Isso acaba adocicando as cervejas escuras. Mas as variações na tonalidade da bebida não se restringem a esses dois estilos. Existem ainda as vermelhas, marrons e amarelas.




Mas a gelada precisa ser tão fria assim? Edu Passarelli acha que não. Para ele, a temperatura ideal depende muito do estilo da cerveja. “O frio inibe a nossa percepção de aromas e sabores, por isso é melhor optar por uma temperatura que varia entre 2°C a 5°C”. Uma pilsen de boa qualidade deve ser consumida entre 2°C e 4˚C. Já uma belgian ale, por exemplo, pode chegar a 10˚C.

Apesar da baixa qualidade na produção das cervejas mais consumidas nacionalmente, o Brasil possui boas microcervejarias que aplicam a Lei de Pureza. Muitas delas estão localizadas no sul do país, numa região apelidada de Vale das Cervejas Artesanais, em Santa Catarina. O aumento da importação da bebida também faz com que o consumidor tenha a oportunidade de provar o verdadeiro sabor dessa que é a paixão dos brasileiros: a cerveja.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Bom, fiquei muito surpreso e feliz quando soube que tinha ganhado dois selos de recomendação para o meu blog. Agradeço ao Ricardo Cazarino pela indicação. Vou repassar para três pessoas. Dentre elas o próprio Ricardo. Não como forma de agradecimento, mas pelo simples merecimento. O blog dele é show, merece ser lido e comentado.





Indicados

Palavras sem Fronteiras

Mind Walk

Meu mundo em Movimento

sábado, 9 de fevereiro de 2008

"Meu nome é desafio"


Conhecido pelo seu personagem no filme Ó pai ó, Lyu Árison vem demonstrando um talento nato no teatro. O ator e dançarino continua a fazer o papel da travesti Yolanda nos palcos. Atuando desde os oito anos, Lyu vive uma boa fase profissional. Em junho ele começa a gravar o seriado global que leva o mesmo nome do longa que o consagrou e tem planos de atuar numa produção internacional.

O Traficante de Informação fez uma entrevista com o artista pelo telefone. Veja o resultado dessa conversa.

Léo Marques - O que veio primeiro em sua vida, a dança ou o teatro?

Lyu Árison - Os dois surgiram ao mesmo tempo. Comecei fazendo dança aos oito anos de idade. Saia da Base Naval de Aratu e ia até o antigo Viva Bahia, no Pelourinho, que hoje se chama Balé Folclórico da Bahia. Meu professor, o José Carlos Arandiba, sempre me dizia que todo bailarino tinha que saber cantar, dançar e atuar. Por isso digo que os dois surgiram ao mesmo tempo em minha vida.

LM – Quando o Bando de Teatro Olodum começou a fazer parte da sua história?

LA - O convite para atuar no Bando do Teatro Olodum veio depois do filme Ó pai ó. Eu fui convidado pelo Sergio Braga para poder fazer a personagem Yolanda. Alguns atores homens tinham feito teste para o papel, mas Sergio dizia que eles não estavam conseguindo chegar à essência da personagem.

Acredito que eu tenha chegado onde ele queria, já que uma vez, quando estava interpretando Yolanda no teatro, o vi – na época ele já tinha morrido – na platéia aplaudindo de pé. Só consegui enxergar ele, não via mais ninguém.

LM - Você é espírita?

LA - Sou sim.

LM - E o que te motivou a fazer teatro?

LA - Eu sempre gostei de arte, desde criança. E acho que para ser um bom artista, tenho que ser completo, por isso faço tudo que pintar pela frente. Meu nome é desafio.

LM - Você continua encenando na peça Ó pai ó, que está em cartaz no Teatro Vila Velha, mas saiu do Bando de Teatro Olodum. Teve algum motivo especial para essa saída?

LA – Na verdade eu nunca fiz parte do Bando do Teatro Olodum. O pessoal já me convidou para integrar o “bando”, mas tem algumas coisas lá dentro que não gostei. Então prefiro ficar apenas fazendo participação.

LM - Em uma entrevista recente, veiculado no You Tube, você disse que estava fazendo um filme, mas que não poderia dizer o nome. Você continua guardando este segredo? Poderia falar um pouco sobre o seu papel nesse longa-metragem.

LA - Continuo sem poder dizer o nome. O filme é estrangeiro. Eu ia até contracenar com o ator Heath Ledger (personagem do filme Brokeback Mountain que morreu no último dia 22 desse mês). Estava combinado que eu ia fazer o papel de um guerreiro, mas depois da morte do Heath, não sei como vão ficar as filmagens.

LM - E como surgiu o convite para o filme?

LA - O diretor do filme me convidou através da Monique Gardenberg (diretora do Ó pai ó). É provável que as gravações comecem no final do ano.

LM - Você tem vontade de fazer novela?

LA - Quem não tem vontade? Eu quero fazer de tudo, dançar, atuar, tocar. Eu vivo para a arte.

LM - Ó pai ó vai ter um seriado. Quando começam as gravações?

LA - As gravações estão marcadas para junho, mas estou proibido de dar informações sobre isso.

LM - O que você acha que mudou depois de fazer a travesti Yolanda, neste filme?

LA - O reconhecimento. Depois de 20 anos fui reconhecido pelo meu trabalho.

LM - Houve muito assedio nas ruas? Como você lidou com isso?

LA - Ouve um pouco de exagero até. Às vezes tenho que sair disfarçado para ninguém me reconhecer. Mas não gosto dessas besteiras, sou do povo, gosto de andar livremente. Claro que a gente tem que ter paciência e jogo de cintura, afinal, estamos aí para isso. Fico muito feliz por ser reconhecido pelo meu trabalho.

LM - Depois do filme Ó pai ó, muita gente passou a confundir o personagem (travesti) com Lyu?

LA – Muitas pessoas confundem sim. Muita gente, quando me vê na rua, não me chama pelo meu nome, chama pelo personagem. Eu costumo frisar que Yolanda é apenas um papel, Lyu é que é o ator.

LM - A temporada de verão de Ó pai ó está terminando. Você vai continuar fazendo o papel de Yolanda nas próximas temporadas?

LA - Vou sim. Enquanto tiver Ó pai ó, estarei fazendo o papel de Yolanda. No mês de fevereiro ainda temos dois finais de semana de apresentações, uma no dia 16 e 17, e a outra no dia 23 e 24.

LM - Gostaria de deixar alguma mensagem?

LA - Esse mundo precisa de paz. E aqui no Brasil precisamos de políticos mais comprometidos com a população. Só vejo roubalheira.