Por Léo Marques
O brasileiro, pelo menos é o que dizem as más línguas, é apaixonado por três coisas: futebol, mulher e cerveja. As propagandas da bebida não cansam de explorar o tripé. Quando bate aquele calor, é a ela que muitas vezes recorremos. Nos casamentos, aniversários, batizados, Natal, Ano Novo, show ou nos finais de semana num barzinho. Ela está em todas as comemorações ou numa simples roda de amigos. Mas de que é feita mesmo a cerveja?
A composição básica possui três elementos: o malte, o lúpulo e a levedura. Esse composto é conhecido por Lei da Pureza Alemã que existe na Alemanha desde 1516, criada pelo Duque Guilherme 4º, na Bavária. Ela proíbe a utilização de qualquer ingrediente que não esteja entre os três citados acima e a água.
Mas no Brasil, além dessas matérias-primas, as grandes cervejarias utilizam milho e arroz na composição da bebida. Isso é um dos artifícios usados para baratear o custo. Esses fabricantes ainda usam conservantes ou estabilizadores de espuma. Dessa forma, o preço de cada cerveja sai das fábricas por R$ 0,60 a garrafa. Até chegar a nós, consumidores, há alguns acréscimos tarifários ao longo do caminho.
Segundo o Sindicato Nacional das Indústrias de Cerveja, o País possui a quinta maior produção do mundo, com 8,5 bilhões de litros/ano, perdendo apenas para a China (27 bilhões de litros/ano), Estados Unidos (23,6 bilhões de litros/ano), Alemanha (10,5 bilhões de litros/ano) e Rússia (9 bilhões de litros/ano).
Apesar dessa produção e consumo elevados, chegando a 47,6 litros/ano por habitante, o brasileiro conhece pouco sobre a cerveja.
Infelizmente a fabricação do Brasil não está entre as melhores do mundo. Três nações dividem esse posto: a Alemanha, a Bélgica e a Inglaterra. “Todas elas são bem diferentes umas das outras, e todas são maravilhosas”, diz o cervejólogo Edu Passarelli. Por ser a cerveja alemã a mais conhecida do País e eles serem grandes consumidores de lagers (família do estilo pilsen), o brasileiro tende a achá-la melhor. “Mas conhecendo um pouco mais das outras duas, veremos que todas possuem grandes produtos”, complementa.
Edu, que é formado em gastronomia pela UniFMU (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas), em São Paulo, e especialista em Gestão de Negócios de Serviços de Alimentação pelo SENAC desvenda ainda um outro questionamento recorrente entre os apreciadores da “gelada”: a diferença entre o chopp e a cerveja. “O chopp nada mais é do que uma cerveja que não foi pasteurizada, ou seja, engarrafada. Está é uma denominação que praticamente só é utilizada no Brasil. Podemos ter “chopp” de diversos estilos de cerveja, mas o mais comum vem do estilo pilsen”.
As diferenças na bebida não param por aí. Apesar do tipo mais conhecido ser a dourada, a cerveja escura também é bastante consumida no Brasil. Inicialmente, a variação de cor ocorria devido à torrefação dos maltes utilizados na fórmula. Hoje, as grandes cervejarias costumam utilizar caramelo de milho para escurecer. Isso acaba adocicando as cervejas escuras. Mas as variações na tonalidade da bebida não se restringem a esses dois estilos. Existem ainda as vermelhas, marrons e amarelas.
Mas a gelada precisa ser tão fria assim? Edu Passarelli acha que não. Para ele, a temperatura ideal depende muito do estilo da cerveja. “O frio inibe a nossa percepção de aromas e sabores, por isso é melhor optar por uma temperatura que varia entre 2°C a 5°C”. Uma pilsen de boa qualidade deve ser consumida entre 2°C e 4˚C. Já uma belgian ale, por exemplo, pode chegar a 10˚C.
Apesar da baixa qualidade na produção das cervejas mais consumidas nacionalmente, o Brasil possui boas microcervejarias que aplicam a Lei de Pureza. Muitas delas estão localizadas no sul do país, numa região apelidada de Vale das Cervejas Artesanais, em Santa Catarina. O aumento da importação da bebida também faz com que o consumidor tenha a oportunidade de provar o verdadeiro sabor dessa que é a paixão dos brasileiros: a cerveja.