domingo, 11 de novembro de 2007

Quem tem o pé no terreiro são os gaúchos


Por Léo Marques

A religião existe para o ser humano desde quando houve as primeiras tentativas de entender o mundo. Sem ter explicação para determinados fenômenos, o homem atribuiu a uma força divina, sobrenatural, todo e qualquer evento da natureza. Mas de todas as religiões, entretanto, nenhuma foi tão quanto ou mais perversa que a Católica Apostólica Romana.

As tantas provas forjadas na inquisição, as cruzadas rumo a uma dominação religiosa desenfreada mataram milhões de pessoas na Europa, em outros países do Ocidente e até no Oriente Médio. Ela foi a mais intolerante de todas a religiões.

O Brasil, mesmo não tendo alcançado esse período obscuro da história chamado Idade Média ou Idade das Trevas, sofreu com essa intolerância religiosa. A cruzada realizada no país em torno da religião vinda da África pode ser considerado uma das tantas formas de opressão executados em nome da Biblía. Nos últimos anos, as religiões ditas protestantes têm reforçado essa ignorância referente a outras crenças.

Hoje a cultura do candomblé é bastante presente em várias partes do país, mas é visivelmente destacada na Bahia e no Rio de Janeiro, locais que mais receberam negros escravos, no período da colonização portuguesa.

Apesar dessa dado histórico incontestável, o censo de 2000 revelou um dado absurdo. O Rio Grande do Sul, colonizado predominantemente por portuguêses, alemães e italianos, surpreendeu com a declaração de 121.180 pessoas praticantes do Candomblé ou Umbanda. Na Bahia esse número tiveram irrisórios 21.733 assumidamente praticantes das religiões originárias da África. Somando todos os estados do Nordeste (50.642) não chegam nem a metade dos gaúchos.

A única explicação que encontro para esse resultado é a baixa escolaridade da região. O Nordeste concentra grande evasão escolar e baixa qualidade de ensino, sendo uma das áreas mais pobres do país, onde a desigualdade é mais acentuada. Essa baixa escolaridade afeta o cidadão no sentido de assumir e compreender suas crenças e religiosidades, ao subestimar e até renegar sua história e uma memória coletiva.

Os números do Rio de Janeiro, compreensíveis, com 182.919 comprovam isso, despontando como o estado com maior número de praticantes do Candomblé/ Umbanda. Até mesmo um estado cosmopolita como São Paulo assume ter mais praticantes dessa religião do que a Bahia.

O Sudeste, que possui uma escolaridade mais elevada, despontou na frente com 320.020, um valor seis vezes maior do que o do Nordeste. Existe aí, por tanto, um claro receio de assumir sua identidade religiosa por parte do povo nordestino, muitas vezes levados por uma cultura do catolicismo. Isso acaba desvalorizando a identidade nacional, com um povo que esconde sua história, mitos, ritos e os seus significados.

Pode existir uma outra alternativa, essa uma candidata forte também a ser verdadeira. A religião, na Bahia, pelo menos em Salvador, é bastante complexa e misturada. Muitos "católicos" deixam suas flores para Iemanjá no dia 2 de fevereiro e fazem caruru todo ano para São Cosme e São Damião.

É preciso que o país assuma com orgulho suas raízes e cultura. Cada um tem o livre arbítrio para escolher o que quer neste país. Então devemos nos valer disso e não deixar que uma ou outra religião se sobreponha aquilo que acreditamos, afinal, se você tem fé numa religião não tem porque ter vergonha dela.

4 comentários:

Helder Thiago Maia disse...

a grande quantidade de famílias açorianas que foram pro rio grande do sul... no projeto de colonização do brasil, explica o fato de tantos adeptos no rs.

quanto à bahia. talvez o problema não seja educacional. mas ao excesso de sincretismo, ao preconceito religioso e as novas igrejas protestantes! não sei!

bjs

Kleverton disse...

Eu não coloco somente a educação, com fator determinante, por esses dados.

Na Bahia, o sincretismo religioso é extremamente forte.

Um forte exemplo Baiano que demostra isso é a Bethania. Cita sempre em suas musicas, referencia ao candomblé, mas sempre é possível perceber sua participação em cerimônias e eventos católicos.

Na verdade, pra quem esta de fora, como é o meu caso, tenho a leve impressão que as regras usuais para classificar qualquer coisa na Bahia são diferentes do resto do País.

Abração

Cadu Oliveira disse...

Léo, eu sou soteropolitano, agnóstico, com algum interesse em saber se meu orixá, caso isso exista, é realmente Oxum, sobre quem conheço quase nada, mas tenho já enorme simpatia. Abraço!

FAL disse...

Texto muito fraco,ele liga o baixo número de adeptos no candomblé na Bahia por conta da escolaridade,Falta de conhecimento é seu,o problema de vocês é figurar um estado inteiro pela cultura de sua capital,isso digo não só da religião,mas também de forma geral,vocês acham que a Bahia é Salvador,são coisas completamente diferentes,vai pesquisar mais,saia dos livrinhos que são feitos por autores do sudeste que não saem nem de casa e querem falar de outras regiões.