A convivência com outros usuários de maconha que, algumas vezes, são também de cocaína, despertou a curiosidade de Luana de experimentar essa droga. Mas o medo de se aventurar por esse caminho mais perigoso a dominava. Não só isso. Antes de surgir essa vontade, ela tinha verdadeira ojeriza a drogas consideradas pesadas. Apesar de sempre ver os amigos as consumindo, ela os criticava e tinha uma péssima visão do hábito.
Mas, na chegada dos seus 20 anos, a curiosidade pela sensação começava a ser mais forte do que essa repulsa. O fato dos amigos usarem e gostarem muito da droga chamou sua atenção. Mas essa vontade vinha acompanhada do medo da dependência, muito retratada em novelas, filmes, livros e reportagens.
Para não correr o risco, ela preferiu se informar antes. Não queria entrar por um caminho obscuro, precisava saber dos detalhes sobre como funciona a cocaína, quais eram os efeitos físicos e psicológicos, e ler relatos de cientistas e usuários, além dos que já tinha ouvido dos amigos.
“Antes de usar qualquer coisa sempre pesquiso muito, afinal, só tenho uma vida e não posso ficar gastando ela de qualquer forma. Meu maior medo antes de cheirar cocaína era por saber que, ao contrário do vício psicológico da maconha, a dependência da cocaína é ocasionada pelo vício químico”.
Na primeira vez em que usou a droga, ela ficou elétrica, agoniada. Após usa-la várias vezes, pôde chegar à conclusão de que – a coisa – é realmente como se pinta. Ela foi percebendo, não só nela, mas também nos colegas e amigos, que, depois da terceira vez que se usa cocaína, o corpo começa a pedir mais. Para controlar essa ânsia, ela estabeleceu momentos e lugares para usar a droga, a fim de não cair na armadilha da dependência. Ela tem consciência de que isso pode acontecer, mas tenta ver o uso da substância como simplesmente uma fonte de prazer, nada mais do que isso, sempre atenta a alguma necessidade que por ventura comece a ficar descontrolada. “Se um dia achar que estou sentindo necessidade, falta daquela droga, que a quero desesperadamente, eu vou parar”, acredita Luana.
A experiência com a droga a fez chegar a outras conclusões. Por exemplo, Luana passou a identificar esta substância psicoativa como anti-social. A reação gerada pela cocaína costuma acelerar o curso do pensamento e o metabolismo. Especialistas dizem que apenas isso não estimula ninguém à solidão. Luana concorda, em parte, mas lança mais argumentos para defender sua tese. Ela relata que o preço alto e a quantidade necessária para que se alcance uma onda satisfatória também são fatores cruciais. Um grama seria ideal para obter o efeito esperado, mas, se dividido, já não causa a mesma sensação e o usuário fica apenas na vontade de cheirar mais. Para não sentir essa necessidade, ela prefere cheirar uma carreira inteira, ou, no máximo, dividir com um amigo. Esse seria mais um motivo para que os usuários prefiram a solidão ou, no máximo, a companhia de apenas uma pessoa.
“Se dividir, vai ficar todo mundo na vontade de cheirar mais. Por isso, é melhor um ficar maluco do que nenhum. Desse jeito, eu sinto a sensação que queria e passo mais tempo sem usar”.
Mas isso vai depender, claro, do extrato social em que a pessoa circula. Se for uma festinha de gente muito rica é possível encontrar pó sendo oferecido na bandeja e ninguém fica regulando quanto cada um vai cheirar. O acesso mais caro e mais difícil à cocaína acaba engendrando formas mais mesquinhas de lidar com a substância. Já a maconha é diferente. O fácil acesso e o preço baixo facilitam os agrupamentos, onde cada um estará com seu cigarro em mãos.
Como não usa apenas nessas festas, Luana costuma ter uma relação mais egoísta com a substância. “Por isso, geralmente, quando eu uso cocaína, prefiro me trancar, ou, no máximo, chamo duas amigas ou amigos para casa de alguém que mora sozinho, e aí a gente fica lá de virote”. Mas quando é preciso voltar para casa, ela toma todo o cuidado possível para que os pais não percebam. “Quando eu preciso, eu cheiro, cheiro, cheiro e depois eu fumo um ‘morrão’, aí fico mais light, chego em casa tranqüila e consigo dormir”.
***************
//Continua no próximo capítulo
5 comentários:
LÉO...
OS FILMES SÃO:
"Y TU MAMA TAMBIEN"
"LA MALA EDUCACION"
ACHO QUE É +- ISSO...
ABRAÇO
Tudo que nasce é totalmente programado para dar certo...
O governo não sabe mais o que fazer com os sem-tetos, os sem-terras, os sem-dentes, os sem-drogas... pois a abstinência é a grande causadora da violência, dos roubos, e a grande sustentadora, se é que existe, do tráfico.Estamos cansados e sem tempo para atender a porta para os miseráveis que esgotam o pouco que lhes restam da vida. Hoje mais do que nunca, percebo que dei muita sorte na vida. Não misturei com porcos e não estou comendo farelos. Percebi que através da educação e do trabalho meu caminho seria diferente dos que me circulavam na infância e na adolescência. Esses, que tiveram as mesmas oportunidades que eu tive preferiram um caminho sujo, mesquinho e covarde. A pobreza não é desculpa e muito mesmo uma vergonha. Concordo que é muito mais difícil ser pobre, e se tornar um vencedor... Mas o gosto é muito mais saboroso, pode acreditar. Eu provei! E aprovo! A vocês ex-amigos que escolheram praticar o roubo, a falta de vergonha, as drogas (sei que foi a causadora do resultado que vocês estão)enquanto eu trabalhava, estudava, pegava ônibus, acordava cedo, virava noite, me debruçava em livros... Ergo minha cabeça e grito bem alto!!! Venci!!! Tive tudo o que vocês tiveram, apenas teci de forma diferente o sentido da vida. Infelizmente agora é tarde. Não posso fazer nada por vocês. Desculpe-me, não estou sendo egoísta. Não tenho estrutura para ir ao fundo do poço e retirá-los, corro risco de morte. Agora é só contar com a sorte, ou melhor, com vocês mesmo, vocês sabem o caminho por onde entraram, com certeza sabem a saída.
Evandro Melato - Muriaé - Minas Gerais
*Desculpe pelos erros gramaticais, de concordância e outros. Pois é pura emoção, não somente um texto.
Sua conclusão de curso é bárbaro, bravo! As drogas tão somente estão consumindo boa parte de nossos jovnes, mas também vem mostrando para todos eles que a escolha são feita pelos mesmos... Muitos têm de tudo. São ricos, boas escola, carros, viagens, oportunidades e ainda sim entram nas drogas... Muitos outros não têm nada, vivem uma vida miserável, são incoformados e se entregam também as drogas... Será onde está o erro?! Em mim, em você, na rua,na falta, no excesso, ou talvez seja em nossas escolhas? Enfim,acredito que seja nas escolhas. Então, eu escolhi o melhor pra mim, atravessei as ruas, cruzei os caminhos da mesma maneira que meus amigos de infãncia cruzaram... Apenas escolhi um caminho diferente.
Abraços, e façam as suas escolhas... Mas cuidado, depois ela te cobra, pois o resultado foi você quem plantou.
A maioria dos pobres utiliza a desculpa da falta de oportunidade. É menitira! Continuam nesta situação pois são néscios, desidiosos, preguiçosos e sempre sujeitos á cultura da farra que impera neste país de mentiras e desilusões. Realmente Evandro, conheço muitas pessoas que também saíram do nada e se estabeleceram na vida sem enveredar pelo caminho da droga, da prostituição e do tráfico. Certo está o governador do Rio de Janeiro quando não entendeu porque pobre tinha tantos filhos.
Realmente também não sei, será que este povo não sabe ir a uma biblioteca pública ou assistir a TV Cultura? Parem de culpar a elite por todos os males da terra.
Sobre o tema de seus textos, Leonardo, eles realmente me incomodam pois como meu circuito é muito fechado e seleto faço o máximo possível para excluir qualquer um que use substâncias psicoativas - à exceção dos amigos em depressão que tomam meleril (kkkkkkkkkk)
Abraços. Um Feliz 2008.
Ah! Se me permite a suhgestão, quando acabar esse tema faça deste espaço um comentário de suas aspirações para o mundo e para si.
Alessandro
Alessandro ... sugiro que você dê um tiro na cabeça, a humanidade será melhor sem idiotas como você.
Postar um comentário