domingo, 13 de janeiro de 2008

“Uso porque gosto e me dá muito prazer” - Último Capítulo

Nos primeiros quatro meses de 2007, já aos 21 anos, ela teve contato com outras drogas, fora a maconha e a cocaína. Foi quando experimentou o ecstasy e o LSD. Luana tem mais medo dessas duas drogas do que das que usava até então. Seu maior receio é a propriedade sintética que elas possuem e o fato de serem fabricadas para gerar cada vez mais dependência.

“Com essas outras drogas, você tem alucinações. Uma vez eu inventei de usar LSD em casa e vi a parede e o guarda-roupa vindo em minha direção, como se estivessem me imprensando. Tive que andar pela casa para ver se passava. Achei aquilo horrível”.

Como os preços variam, normalmente, o comprador tem mais de uma fonte para conseguir a droga. Para ter acesso à cocaína, ela vai à Ladeira da Barra, trecho nobre do bairro da Barra. Um conhecido rico, morador de um dos altos e luxuosos prédios do local, é o seu fornecedor. Ele vende um grama por 20 reais. Uma certa vez, Luana chegou a comprar 22 gramas por 400 reais, ganhando dois gramas de brinde.

No caso da maconha, há mais oferta em lugares conhecidos, até porque é uma droga usada por ela há oito anos. O modo considerado menos perigoso e mais confortável é o disk drogas. Ou seja, o cliente liga e pede a quantidade que quiser. O “empresário” da droga a leva até a casa da pessoa, sem nenhum custo adicional e de uma forma totalmente discreta.

A cannabis também pode ser comprada na mão de amigos, de vizinhos, de uma forma também tranqüila e segura. A boca de fumo, na favela, é uma das alternativas usadas por Luana quando as outras duas opções estão sem a mercadoria. Essa forma é evitada a qualquer custo, mas já ocorreu por três ou quatro vezes. A vendedora, uma velha, atende seus clientes reservadamente, complementando a renda da família com a venda de maconha a R$ 2,50 o cigarro. Há também as da Gamboa e do Calabar, onde Luana já esteve por duas vezes, e encontrou crianças andando armadas nas ruas.

Já outras drogas são mais difíceis de comprar, até porque quem tem o “canal” não diz. Ela tem medo de se deixar envolver e prefere nem saber onde consegui-las. Usa apenas quando está com os amigos, em momentos de festa e sempre de graça.

Contudo, às vezes, ela cansa de usar drogas. Foi o que aconteceu nesse carnaval de 2007, quando viajou para uma capital do Nordeste. Foram 11 dias limpa, como ela mesma fez questão de frisar. Sua decisão levou em conta a falta de vontade em se drogar. Como sabia que se ficasse para o carnaval usaria várias drogas, preferiu curtir o período de um modo diferente, passando uma semana e meia sem fumar cigarro de tabaco, de maconha, sem bebidas alcoólicas e sem cheirar nada.

Não é preciso uma ocasião especial para deixar de usar maconha. O domingo, quando está com os pais, costuma ser saudável, sem nenhuma substância psicoativa. E ela consegue passar o dia bem, sem nenhuma vontade excessiva de usar.

Luana tem uma explicação sobre o que a levou para outras drogas mais pesadas que a maconha. Ela desenvolveu sua própria teoria e acredita que isso foi fundamental para o uso de outras substâncias psicoativas.

“Uma droga acaba levando a outra. Não por achar a outra droga fraca, porque a sensação de uma é completamente diferente da outra. Mas você acaba tendo acesso a outras drogas, e, por conviver com pessoas que usam não só maconha, mas diversos tipos de drogas, acaba se criando uma curiosidade, e saciá-la é fácil, estando nesses ambientes”.

FIM

4 comentários:

Unknown disse...

Leo, quando você escreverá de novo? E qual será o novo tema? Será específico ou este blog se tornará um espaço de digressão pessoal? Ou ainda não há uma definição?

(rsss)

As perguntas predecessoras são apenas pretexto para parabenizar pela história.

Abraço rapaz!

Alessandro

Unknown disse...

Quero mais escritos!
Beijos,
Andressa (a de Brasília)

João Victor Lima disse...

Bons textos, todos os capítulos. Interessante a idéia de um semi 'livro', acredito eu, e apesar do tema ser deveras clichê. Uma boa história, parabéns.

Lara Sulamita disse...

adoreiiiiiiii. quero mais, mais , mais e mais ...