
Por Léo Marques
E a história é a mesma. É engraçado como as coisas se repetem no Brasil e todos cometem o mesmo erro, levados pela ineficiência do nosso sistema judiciário, a corrupção de nossos políticos e desatenção da mídia.
Em uma das últimas páginas do livro de Suely Caldas, Jornalismo Econômico, ela conta algumas das lições que aprendeu com as coberturas que fez. "A primeira delas, vejo reprisada em outros casos, nos últimos 18 anos, desde que o congresso retomou seu legítimo poder político. (...) Os parlamentares e suas CPIs só se interessam em apurar práticas de corrupção enquanto os holofotes permanecem acesos para eles. Na CPI do caso BR (1988), por exemplo, os trabalhos foram gradativamente diminuindo, depois foram suspensos e, por fim, esquecidos".
"Comecei a perceber também que funcionários, políticos e polícia, cada um com seu papel, costumam seguir um script teatral ao enfrentarem casos de corrupção praticados por homens públicos influentes e poderosos. Os políticos de oposição criam CPIs, fazem barulho, juram que os culpados serão punidos e nada acontece. A polícia finge investigar".
Quando um assunto deixa de ser apurado pelos jornalistas e entram na investigação policial, os jornais começam a ficar dependentes do que a polícia descobre. Estando ela envolvida no encobertamento dos casos de corrupção, a mídia acaba produzindo cada vez menos notícias e assim os assuntos vão morrendo.
Alguém lembra quantas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) existiram só nesses últimos 4 anos? Vou citar algumas só para requentar a memória. Tivemos a CPI do Mensalão, dos Sanguessugas, dos Correios, dos Grampos, dos Bingos, das ONGs, do Tráfico de Armas, da Biopirataria e por último o do Apagão Aéreo. Agora me responda: alguém foi punido? Quais foram essas punições? Qual foi o resultado de toda a investigação? A resposta é apenas uma: ninguém sabe.
Enquanto os politicos armam o circo em torno de assuntos que deveriam ser resolvidos apenas pela Polícia Federal, diversas leis e projetos importantes ao país deixam de ser votados no Congresso e no Senado, já que os políticos estão interessados apenas em aparecer na mídia e "tentar" resolver questões que não lhes competem.
Por outro lado, nós, os bobos da corte, voltamos a dar créditos a esses políticos que saem culpados e impunes, num ato que eu chamo de ignorância coletiva. A prova disso foram os eleitos nas últimas eleições e que estavam envolvidos com o Mensalão e Sanguessugas.
Os últimos escândalos da política acabaram morrendo na mídia e na lembrança do povo, que, com as eleições, prova que tem o governo que merece.